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Descendimento da Cruz, Canto de Verônica e Procissão do Senhor Morto
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Descendimento da Cruz, Canto de Verônica e Procissão do Senhor Morto
Diz a tradição que, enquanto Jesus carregava a cruz rumo ao Monte do Calvário, Verônica correu até Ele e, com um pano, limpou seu rosto cheio de sangue e suor. Ao retirar o pano, o rosto de Cristo teria ficado estampado nele. Em seguida, ela seguiu gritando pelas ruas, anunciando que o homem que seria crucificado era o verdadeiro Cristo. Ninguém parou para ouvir os gritos daquela mulher, continuaram andando e chicoteando Jesus.
Jesus é levado para o Monte do Calvário, ou Gólgota (Lugar da Caveira), onde é crucificado e morre.
Após a morte de Jesus, José de Arimetéia pediu a Pilatos autorização para tirar seu corpo da cruz e para sepultá-lo. Após tirar o corpo da cruz, ajudado por Nicodemos, envolveu o corpo em lençóis com aromas de mirra e aloés, e o sepultaram.
A encenação do Descendimento da Cruz
Na Sexta feira Santa à noite, no Largo do Chafariz, é realizada a encenação do descentimento da cruz. A cruz onde Jesus padeceu é baixada, os cravos são retirados de seus pés e mãos. José de Arimatéia, auxiliado por Nicodemos, retira da cruz o corpo do redentor para sepultá-lo.
Na encenação, o Canto de Verônica é entoado após o descendimento (e não no caminho para o Calvário). Enquanto desenrola e exibe um pano com a face de Jesus, Verônica entoa um lamento para anunciar ao público a morte de Cristo e expor sua dor.
Canto de Verônica
Em latim
Responsorium:
O vos omnes
Qui transitis per viam,
Attendite, et videte
Si est dolor similis sicut dolor meus.
Versus:
Attendite, universi populi
Et videte dolorem meum.
Em Português
Responsório:
Oh vós todos
Que passais pela via,
Vinde e vede:
Se há dor semelhante à minha!
Verseto:
Atentai, povos do mundo,
E vede a minha dor.
A Procissão do Senhor Morto
Após a encenação do descendimento, os fiéis saem em cortejo levando o corpo de Jesus. Na Procissão do Senhor Morto, os fiéis seguem pelas laterais das ruas. No meio da rua caminham aqueles que carregam o corpo, os farricocos, e crianças vestidas de anjo. Rezando e cantando, as pessoas seguem pelas ruas do Centro Histórico, acompanhando o corpo de Cristo e refletindo sobre a mensagem transmitida pela morte de Jesus.
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Procissão do Fogaréu
Os Farricocos
No final da Idade Média e início da Moderna, o farricoco possuía um caráter de penitência e estigmatização. Sua presença nas procissões estava relacionada à expiação pública de faltas cometidas e ser farricoco era ser portador de um estigma.
Na Idade Moderna (séculos 15 a 18), em algumas partes de Portugal e Espanha, o farricoco estava associado à penitência, a uma punição imposta àqueles que não seguissem as determinações da Igreja. Nas procissões que iam pelas estradas de pedras, à luz dos archotes, os cavaleiros das irmandades iam vestidos de roupas de seda, com espadas de prata e alamares, cheios de pompa e luxo na busca do Cristo, com o objetivo de aprisiona-lo. Junto deles iam os “desviantes”, vestidos com roupas de lá grosseira, como os pescadores, e com um capuz com chapéu em forma de cone, que devia ser usado pelos “condenados”, correndo descalços para acompanhar os cavalos. Era uma forma de os penitentes expiarem seus pecados sem ter que revelar publicamente sua identidade.
Com o passar do tempo, na Espanha, os farricocos passaram e ser responsáveis por manter a ordem, afastando as pessoas do caminho, ora anunciando a procissão com o uso de matracas, ora fustigando com um comprido relho os que impediam sua marcha.
Na tradição brasileira, o Farricoco passou a ser chamado também e Faricoco, Maceiro da Misericórdia (Rio de Janeiro), Gato da Misericórdia (Bahia), Gato (Bahia), Coca, Papangu (Recife) ou “A Morte” (São Paulo). São sempre penitentes encapuzados, que vestem túnicas reluzentes de cores vibrantes e representam os soldados romanos enviados por Caifás para encontrar e prender Jesus.
A indumentária utilizada pelos farricocos no Brasil atual é composta de uma túnica comprida e um longo capuz pontiagudo em forma de cone. A forma cônica e altura dos capuzes evocaria uma aproximação do penitente ao céu. Guarda fortes semelhanças com as vestimentas comuns nas celebrações da semana santa na Espanha.
A Procissão do Fogaréu
É uma manifestação religiosa popular de origem Ibérica. Encontramos registros da mesma em Portugal, Espanha, e em algumas de suas antigas colônias na América. Tem origem, provavelmente, nas Procissões das Endoenças (indulgentias, indulgências), que eram realizadas na quinta-feira santa, e seriam um rito público de absolvição dos pecadores no fim da penitência quaresmal.
O ritual, cujo caráter inicial era pautado por penitência, condenação e flagelação, se transformou em uma festa de rememoração da prisão de Cristo.
A manifestação aportou no Brasil, provavelmente, na Bahia do início do século 17. As procissões do Fogaréu realizadas no Brasil encenam a busca e prisão de Jesus Cristo. Os soldados partem em disparada para cumprir a ordem de Caifás. Na primeira parada da procissão, a tropa dos Farricocos encontra a mesa da ceia vazia, Jesus não está mais lá. A tropa continua a busca e prende o Cristo no Monte das Oliveiras. Neste momento, ao som do clarim, surge um farriococo carregando um estandarte com a imagem de Jesus, simbolizando a sua captura.
Alguns lugares no Brasil onde acontece a Procissão do Fogaréu:
Goiás – GO
Oeiras – PI
Caxias – MA
São Cristóvão – SE
Paraty - RJ
A Procissão do Fogaréu em Goiás
Reza a tradição que a Procissão do Fogaréu é realizada na Cidade de Goiás desde 1745, ano em que foi entregue uma das reconstruções da Igreja Matriz de Sant’Ana. Comprovadamente, a procissão é realizada desde os fins do século 19. Foi recriada pela Organização Vilaboense de Artes e Tradições – OVAT na década de 1960, e é considerado um dos principais eventos religiosos do estado de Goiás. Trata-se de uma celebração da morte do Cristo onde os elementos centrais são o Farricoco e o espetáculo proporcionado pelas chamas das tochas refletidas nas vestimentas de quem as carrega e no casario antigo da cidade.
Os Farricocos foram trazidos a Goiás pelo padre espanhol João Perestelo de Vasconcelos Espíndola, pároco da cidade na época. As personagens são vividas por 40 voluntários que “correm” a procissão, atravessam o Centro Histórico descalços, entoando músicas sacras, carregando tochas de fogo, em passos apressados e ao som dos tambores que marcam a cadência pelas ruas de pedra da antiga Villa Boa de Goyaz. Alguns fiéis e turistas tentam acompanhar a perseguição.
Na noite da Quarta-feira Santa os Farricocos e os acompanhantes concentram-se em frente à Igreja da Nossa Senhora da Boa Morte, na praça principal da cidade, a praça do coreto, entoando cantos religiosos e aguardando a hora de correr a procissão. Às 24:00 horas a iluminação pública se apaga e, ao som cadenciado dos tambores, tem início a procissão.
O grupo atravessa o Rio Vermelho e segue para onde estaria sendo realizada a última ceia, na escadaria da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, mas a mesa já está dispersa.
Em seguida, avançam pela Rua da Abadia, atravessam novamente o Rio Vermelho, em direção ao Jardim das Oliveiras, simbolizado pela Igreja de São Francisco de Paula. É ali que, ao som do clarim, se dá a prisão do Cristo. O único farricoco vestido de branco surge carregando o estandarte com a imagem de Jesus, representando sua captura. O Cristo é representado por um estandarte de linho pintado em duas faces, obra do artista plástico oitocentista Veiga Valle.
A beleza e o caráter histórico medieval da procissão, no calçamento de grandes pedras irregulares de Goiás Velho, cidade de arquitetura colonial considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, atrai uma pequena multidão a cada ano.
Fogaréuzinho
Na tarde da quarta feira santa, as 17:00 horas, acontece o Fogaréuzinho, organizado pela Escola Letras de Alfenim. É uma Procissão do Fogaréu para crianças. A saída é na porta do Museu das Bandeiras, o percurso é pequeno, e a encenação tem o mesmo contexto da Procissão da noite, contando inclusive com Farricoquinhos.
Mais sobre Farricocos e Procissão do Fogaréu:
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Semana Santa em Goiás Velho
A Semana Santa é um dos principais eventos da cidade de Goiás. São muitas procissões, missas, encenações e caminhadas, todos preparados com carinho especial pela comunidade vilaboense. As pessoas expressam sua fé num clima de tranquilidade. Mais que uma demonstração, que uma exibição, é como se fosse uma oferta. Os fiéis nos ofertando belos e agradáveis momentos.
Quarta feira Santa
Fogaréuzinho
No final da tarde, com saída na porta do Museu das Bandeiras, na Praça do Chafariz, a Escola Letras de Alfenim promove uma Procissão do Fogaréu para os pequenos, onde as crianças tem contato com este importante elemento cultural e religioso da Cidade de Goiás, que é a Procissão do Fogaréu.
Procissão do Fogaréu
À meia noite as luzes do Centro Histórico são apagadas e, saíndo na Igreja da Nossa Senhora da Boa Morte, tem início a Procissão do Fogaréu, quando os soldados correm em perseguição ao Cristo, o encontram e o prendem.
Veja mais sobre a Procissão do Fogaréu.
Sexta feira Santa
No início da manhã acontece uma caminhada (Via Sacra) da Catedral de Sant'Ana ao Morro do Cruzeiro.
Ainda pela manhã, acontece o Canto do Perdão na Igreja Nossa Senhora d'Abadia, ou Canto do Perdão dos Homens, encenado por homens.
No final da tarde, acontece o Canto do Perdão na Igreja São Francisco de Paula, ou Canto do Perdão das Mulheres, encenado por mulheres.
Mais tarde, no Largo do Chafariz, é encenado o Descendimento da Cruz, seguido pela Procissão do Senhor Morto.
Veja mais sobre Encenação do Descendimento da Cruz, Canto de Verônica e Procissão do Senhor Morto.
Sábado Santo
No início da manhã é realizada uma caminhada à Serra Dourada, em preparação à Páscoa.
Domingo de Páscoa
De madrugada, Vigília Pascal, seguida da Procissão da Ressurreição, na Catedral de Sant'Ana.
Pela manhã, Queima do Judas e, em seguida, Folia do Divino Espírito Santo.